segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Doutor

Achei estranho só ter me interessado pela etimologia da palavra depois de obter o título. Doutor vem de doutrina, ensinamento, pode significar aquele que tem um ensinamento a passar, daí a necessidade de uma tese com originalidade.
Depois da defesa há um sentimento esquisito que no meu caso veio em ondas, ondas de satisfação, ondas de exultação, ondas de alívio, e também ondas de aflição e de tensão como que remoendo a intensidade do evento. Aliás, esse deve ser o motivo, todo um processo longo se concentra em algumas horas de atividade intensa.
Da primeira reflexão com alguma tranquilidade, depois da defesa, depois da festa, depois da vida começar a voltar ao normal, veio a busca pelo sentido da palavra e a ideia de repassar o processo, talvez de um modo mais longo, talvez nesse post mais simples.
Querer ser doutor tem um pouco de vaidade, não há como negar. Para mim foi uma viagem tentar resgatar de onde isso começou.
No ano 2000 eu fiz alguns passatempos para minha página na internet e pensei comigo: será que não consigo vender isso? A consequência foi um contato com a Ediouro que encomendou um programa para ajudar a elaborar criptogramas. Eu fiz o programa e fiz questão de ir ao Rio de Janeiro receber. Foi minha primeira viagem ao Rio. Lá conversei com o editor-chefe, almoçamos juntos e ele fez a pergunta que mudou minha vida “O que você está fazendo na Sabesp?”. Desse questionamento veio a vontade de buscar alternativas, mas como eu já tinha muito tempo de Sabesp era considerado funcionário público e praticamente excluído de qualquer oportunidade na iniciativa privada. Para eliminar essa pecha resolvi voltar para escola, e a solução foi buscar um mestrado. Antes de terminar o mestrado eu fui chamado para trabalhar no IBTA, hoje Veris do grupo IBMEC. Terminei o mestrado e por estar na área acadêmica segui o curso natural de continuar no doutorado.
Enquanto estive no IBTA não consegui dar andamento ao doutorado, fiz as disciplinas, ajudei um pouco no laboratório de pesquisa, mas era impossível conciliar a dinâmica de gerente em uma corporação com os estudos de um doutorado. Portanto, não consegui concluir no período de 4 anos. Fiz o reingresso e tudo continuou como era. Trabalhando e sendo doutorando sem caminhar no doutorado.
A mudança veio com a saída do IBTA e a entrada na Unimep como professor e coordenador de informática. Isso mudou bastante e deu um impulso ao doutorado, mas não o suficiente para terminar. Precisei de uma bolsa de estudos de um ano na Alemanha para efetivamente dar conta dos estudos. Lá desenvolvi a tese, os aplicativos, publiquei, enfim, foi lá que fiz efetivamente o doutorado. Na volta, foi fechar a tese a agora defendê-la.
Durante o processo tive que extrair um paraganglioma. Nesse ponto agradeço muito ao Dr. André Del Negro, que foi extramente profissional e amigo, dando toda a tranquilidade que precisava.
Também durante o processo, enquanto estava na Alemanha, tive dificuldades imensas de comunicação e contei com a ajuda profissional de Barbara Palmero, que inicialmente me socorreu com os conceitos de Comunicação Não Violenta e depois fez um coaching excelente para a continuidade do processo.
Além dessas duas ajudas profissionais, não posso deixar de mencionar o apoio dos amigos e da família que sempre estiveram presentes. Nos momentos de dúvida, e não foram pouco, sempre houve uma palavra de incentivo.
Mateus, Raquel e Joselito foram os apoios mais preciosos no período da Alemanha e como foi lá que verdadeiramente escrevi a tese, foi a eles que a dediquei.