quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Até as pedras se encontram - parte III

A viagem de carro de Chicago até Nova York não foi o que eu esperava. É uma parte chata dos EUA, estrada boa, mas nada especial para ver. Viajei bem, dormi nos motéis e consegui chegar até antes do que pensava. Nenhum problema, mas nada de especial.
Acontece que cheguei em Nova York na noite anterior do que esperava, achei um lugar para ficar e na manhã de sexta-feira fui devolver o carro. E o meu calvário começou. Trânsito, alças, viadutos, aeroporto, entrada, saída, gasolina acabando, para no posto, gasta 10 dólares, volta, trânsito, alça, viaduto, aeroporto e lá vai. Pronto. Consegui chegar, devolvo o carro e me sinto mais leve. Ufa!
Do aeroporto de Newark para o hotel eu tenho que pegar um trem até a Newark Penn Station e de lá o metrô. No aeroporto eu vou até a estação e percebo que não tenho trocado :(. Uso meu cartão de crédito para pagar a passagem e consigo chegar na Penn Station. Lembre-se: era sexta-feira de manhã, dia útil. Estação cheia e uma confusão, as máquinas de vender bilhete estavam quebradas, só uma que aceitava moedas. Começo a andar na estação procurando uma solução, saio da estação e tento trocar o dinheiro, não consigo. Pergunto a uma funcionária onde posso comprar bilhetes, ela me informa que as máquinas estão quebradas. Subo na plataforma e vejo guardas, cães e o pessoal tentando consertar as máquinas.
Eu já nem sei o que fazer e começo a circular enquanto penso o que fazer.
Desço uma escada e ouço na escada rolante oposta:
- Álvaro!
Olho e não acredito. Meu ex-aluno Rafael me reconheceu.
Que alívio, foi um anjo que me apareceu, me tranquilizou, explicou sobre os bilhetes, as máquinas, me informou de um caixa eletrônico e tudo foi resolvido.
Foi algo mágico.
Nem sei como agradecer.

PS. No voo de volta encontro outro aluno.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Até as pedras se encontram - parte II

photo by: Cowtown Lutheran

Minha prima está em Londres a tanto tempo que nem me lembro mais. Sei que ela foi para lá em 1986 quando meu tio foi fazer o doutorado. Lá ela ficou.
Minha amiga cantora foi para Londres fazer o mestrado e lá ficou.
Nas vezes em que estive em Londres sempre as visitei e é claro falei de uma para outra. Mas Londres é uma cidade grande, agitada e cada qual tem sua vida, seus compromissos, seus interesses.
Um belo dia recebo duas mensagens, uma de minha prima, outra de minha amiga cantora. Elas finalmente se encontraram e se reconheceram pela minha pessoa.
Eu ainda não sei como elas se reconheceram, minha prima me chama pelo apelido, minha amiga pelo primeiro nome. Imagino o que conversaram, o quanto tiveram que se falar para achar os pontos comuns.
Sei que fiquei feliz com o encontro, quem sabe da próxima ver que for a Londres consigamos estar todos juntos.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Até as pedras se encontram - parte I

photo credit: AA7JC via photopin cc

Meu tio Júlio tinha frases que podem ser classificadas como "Filosofia de Botequim". Uma delas era: "Envelhecer sorrindo." A príncipio pensava na questão de manter a alegria mesmo com as perdas da idade, mesmo com uma dorzinha aqui, uma restrição ali, devíamos manter a alegria e continuar sorrindo. Com um pouquinho mais de profundidade dá para entender como manter sempre o sorriso, já que envelhecemos um pouco a cada dia. A alegria da vida deve ser de todo dia.
Outra frase era: "Até as pedras se encontram." No rio uma pedrinha vai rolando, rolando e acaba por encontrar com outra. Ele sempre dizia isso quando falávamos de conhecidos, de viagens, de parentes distantes.
E isso é a mais pura verdade, até as pedras se encontram.