sábado, 17 de dezembro de 2016

O bem que se tem

Hoje acordei com uma música na cabeça “Comida e Bebida” de José Miguel Wisnik e José Celso Martinez. Especialmente um verso: “O bem que se tem e que se detém”.
Pensava no bem que se faz e por oposição no mal que se faz também. E tanto o bem que se faz e o mal que se faz podem se deter ou não em quem os recebe ou em quem os provoca. No fim das contas é guardar o bem que se tem e nos livrarmos do mal que foi feito.
Nesse fim de ano, nos momentos de reflexão e considerações sobre o bem que pudemos fazer, sobre o bem que recebemos, eu me lembrei das várias vezes que recebi um bem. Num olhar, numa conversa, numa admoestação, numa corrigida de rumo ou num incentivo. Esse bem está guardado. Obrigado.



Comida e Bebida
José Miguel Wisnik / José Celso Martinez
Só duas coisas têm valor na vida:
comida e bebida
comida e bebida
comida é terra
deusa terra
dê-me terra
tua velha conhecida
que você chama
pelo nome que te apraz
pois com comida sólida
ela dá de mamar
ela dá de mamar
ela dá de mamar
aos mortais
agora soma para multiplicar bebida
que o filho de Sêmele trouxe divino
do fruto molhado da vinha
embebedando os mortais
e liquidando os seus ais
trazendo o sonho o apagamento
dos endividamentos de cada dia
um deus que aos deuses se dá
um deus que se põe ao dispor
não há melhor drogaria pra dor
a ele que se deve o que se dá e se recebe
o bem que se tem e que se detém
um messias que se bebe


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Charadas

"Bom dia meu filho, mas não sou seu pai."

Acho que ouvi essa charada no berço, ou logo depois disso. Minha lembrança de ter entendido e resolvido essa  charada está ligada a alegria de descortinar um mundo novo.
Resolver charadas, problemas, desafios lógicos sempre fez parte da minha vida. Revistas de palavras-cruzadas sempre estiveram no meu ambiente.
Com o tempo fui aumentando o nível de dificuldade e conhecendo passatempos também em inglês.
Porém o que mais me encantava era a criação dos passatempos, quando comecei a programar computadores esse foi o meu maior desafio: elaborar programas para criar passatempos.
Hoje faço isso por pura diversão.
Juntando isso ao costume alemão de oferecer pequenos presentes a cada dia do Advento, iniciando em primeiro de dezembro e indo até o natal, eu montei um conjunto de charadas, uma para cada dia, como presente de natal para quem sente a mesma alegria de resolver charadas.
Chamei isso de Desafio Muroa do Advento.
Conto com a colaboração de pais, tios, tias, irmãos e amigos para  montar e me divirto imensamente ao entrar em contato com as pessoas.
Se você gosta de charadas experimente o Desafio Muroa do Advento de 2016, a página já está disponível em www.deassismoura.com.br/muroa. Os passatempos só ficam disponíveis a partir de 1º de dezembro.

domingo, 6 de novembro de 2016

Justa premiação

Outro dia eu escrevi sobre chefes-tartaruga, aqueles que se estão em cima de uma árvore é porque alguém os colocou lá.
Listei então os meus chefes e quais eu achava merecedores do cargo.
Hoje fico sabendo de dois colegas de trabalho que se tornaram amigos vão ser homenageados pela Associação de Engenheiros da Sabesp. Os dois não foram meus chefes, mesmo assim pude admirar várias qualidades e sei que a premiação é justa.
Fico contente, orgulhoso e feliz em saber que esses meus amigos estão sendo reconhecidos. É uma alegria.

Cuco

O relógio Cuco sempre fez parte da minha vida. A primeira lembrança é do relógio caindo na cabeça da minha prima, ela ficou com um corte e o relógio perdeu o enfeite superior.
Na minha imaginação infantil o peso do relógio era o que havia de mais pesado no mundo!
Várias e várias vezes tentei fazer um relógio cuco com caixa de Catupiry e pilhas grandes como peso. De concreto mesmo eu consegui fazer um de madeira balsa e uma máquina de relógio a pilha.
Depois que sai da casa dos meus pais um novo relógio cuco me acompanhou.
Nas corridas na Alemanha eu me alegrava de ouvir o passarinho com o canto exatamente igual ao do relógio.
Agora o meu relógio cuco também veio para Ituiutaba. Na pressa de colocar na parede eu fixei mal e o relógio caiu. Os enfeites quebraram, a haste do pêndulo entortou e a caixa de som do "Co" quebrou.
Era a oportunidade que eu precisava para dar vazão ao meu lado relojoeiro. Gastei duas semanas na tarefa e agora o relógio está de volta. Veja no filme que lindo é ter um cuco dentro de casa.



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Numeração de páginas

Nem faz tanto tempo assim. Recebi uma ligação da minha  mãe para tentar resolver um problema urgente, minha irmã iria entregar o trabalho final do curso  de pós-graduação e o professor exigia que o trabalho estivesse de acordo com as normas da ABNT.
Até aí tudo bem. Referências feitas, espaçamentos, tamanho de página, margens...o problema se deu na numeração das páginas.
Ou seja, o documento tem  que ter uma parte sem numeração e outra com numeração, só que os números seguem de forma contínua.
Minha irmã estava irritadíssima com o programa Word que não fazia o  que ela queria e pior, fazia o que ela não queria. Quando mudava uma coisa outras mudavam sem controle.
Ela já estava considerando imprimir tudo e passar um corretor, ou até mesmo numerar as páginas à mão.
Eu resolvi o problema muito  rapidamente, mas só porque  já tinha passado essa raiva uma vez.

Agora a outra parte da história.

A semana da engenharia de produção foi na semana passada e os alunos vieram me pedir cursos que poderiam atrair os alunos e que falassem de coisas que não são vistas  normalmente nas aulas. Imediatamente tive a ideia de um mini-curso sobre como usar o Word para escrever textos acadêmicos. O curso foi aceito e na última quinta-feira eu ministrei esse curso.
Os tópicos foram: Criação de modelos, estilos, formatação de páginas, legendas, figuras, tabelas, índices, referências e o último tópico foi sobre numeração de páginas.
Estava todo feliz em poder compartilhar esse documento e reduzir o sofrimento de alguns.
Infelizmente o curso teve uma adesão baixíssima, somente 6 alunos. Uma pena.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Discurso IV turma de Engenharia de Produção

Excelentíssimo professor doutor Armindo Quillici Neto, diretor da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal; Professor doutor Gleyzer Martins, coordenador do curso de engenharia de produção, Professor Cynara, Professor Marcus Vinicius, meus queridos alunos, agora colegas, senhoras e senhores, boa noite.
Sinto-me honrado em estar aqui como professor convidado, e como professor não posso deixar de dar uma aula, de ensinar, é da minha natureza, foi assim que vocês me conheceram.
O mundo que vocês estão inseridos está na fronteira de uma mudança, de um ponto de mutação decisivo. O que se está se convencionando chamar de Indústria 4.0 ou Indústria da Internet vai revolucionar os sistemas produtivos como hoje conhecemos. Conceitos como Internet Pervasiva, Big data, Componentes Cyber físicos, produtos inteligentes feitos em fábricas inteligentes, tudo isso começa agora como começam vocês no exercício da engenharia.
Essa mudança toda está fortemente baseada no conceito de inteligência cognitiva, uma inteligência que consegue aprender consigo mesma.
Quando essa inteligência cognitiva se juntar às possibilidades da tecnologia da informação os sistemas produtivos estarão em um novo patamar, não serão mais como os conhecemos hoje.
Vocês serão os construtores desse novo patamar, algo que talvez eu não veja em sua plenitude e que vocês verão e participarão desde seu início.
Para isso é preciso que vocês também utilizem a capacidade de usar a sua inteligência para continuar aprendendo e é nesse ponto que nós, professores, pudemos dar alguma contribuição.
Queridos colegas, desejo que vocês utilizem a inteligência e força de vontade que os trouxeram até aqui para construir esse novo mundo. Continuem aprendendo, continuem colocando essa força de vontade a favor do bem e façam um mundo melhor para meus netos. Nós sabemos do que vocês são capazes!

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Efemérides

Hoje é dia de São João Crisóstomo (figura acima tirada da Wikipedia).
E isso é só uma parte da ideia de efemérides, que vem de efêmero, aquilo que dura pouco.
Enfim, marcamos os dias para irmos lembrando do que aconteceu.
Há dia para tudo. Alguns com conotação religiosa, outros comerciais e alguns que só fazem sentido para uma pessoa ou para um grupo de pessoas. Existem Bodas para todos os dias e anos.
Com as redes sociais e a maior conectividade entre as pessoas fico sabendo de datas que nunca imaginava.
Sem que eu soubesse o dia 19 de agosto comemorou o dia da fotografia. Várias e várias homenagens apareceram nas redes sociais.
O que mais legal aconteceu com o dia da fotografia foi que minha irmã, que é fotógrafa amadora, começou a publicar belíssimas fotos.
Viva o dia da fotografia!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A revolta da vacina

Não. Esse post não é sobre a revolta da vacina ocorrida no Rio de Janeiro no início do século XX.
Também não é sobre vacinar ou não vacinar, as reflexões abaixo parte do pressuposto que a vacina é necessária. Porém a reflexão não é inválida sem esse pressuposto.
Esse post é para lembrar do dia que levei minha filha para tomar vacina quando morávamos no Guarujá.
Nenhum pai quer ver os filhos sofrendo e a minha lembrança de vacinas e injeções é bem dolorida, nunca gostei, sempre foi um sofrimento.
Ao levar minha filha eu me lembrava do sofrimento, com isso sentia um aperto no coração de levá-la para esse sofrimento.
Eu esperava e aceitaria choro, revolta, escândalo. Fui preparado para isso.
No entanto ela, tão pequenina, fez uma carinha de choro, mas não derramou uma lágrima sequer.
Essa reação tão digna e sublime só fez aumentar a minha dor. Tivesse ela gritado seria mais compreensível, mas aguentar a dor me foi mais dolorido.
Acredito que isso aconteça sempre que temos que levar uma notícia ruim, seja uma demissão, a não escolha para uma posição, o término de um relacionamento, ou qualquer outra notícia ruim, mas obrigatório.
Nos enchemos de coragem e levamos a notícia, que afinal precisa ser dada, assim como a vacina. E quando a pessoa recebe a notícia com elevada dignidade, maturidade e serenidade, nos sentimos ainda mais sofridos.

domingo, 4 de setembro de 2016

Chefes

Em uma conversa sobre chefias, estilos de chefia, caráter, postura e outras coisas que observamos nos nossos chefes eu me lembrei da expressão "chefe tartaruga". E não é pelo fato de ser lerdo, mas sim da ideia de que, se uma tartaruga está em cima da árvore é porque alguém a colocou lá, pois tartarugas não sobem em árvores.
Obs. Já ouvi essa expressão trocando a tartaruga por um jacaré, o que dá no mesmo.
Resolvi então fazer uma lista de todos os meus chefes, Eu tive 19 chefes diretos, e mais seis chefes indiretos, para os quais eu também tinha que me reportar. Portanto, um total de 25 chefes. Desde o meu primeiro estágio quando terminei a escola técnica até agora.
Separei da minha lista de chefes tartarugas, e não foram  poucos.
Fiz outra seleção, escolhendo os chefes que eu contrataria como chefes, nessa somente cinco.
Um fato que me chamou a atenção foi que dos 25 chefes a quem tive que responder, havia somente uma mulher e um negro. Tanto a mulher e o negro estão na lista de chefes que eu contrataria. O que faz sentido pois eles devem ter tido uma seleção ainda mais dura e chegaram onde chegaram vencendo barreiras que os outros não tiveram.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Intacta Memória

Voltando para casa, perdido nos meus pensamentos em cima da bicicleta. Não nos pensamentos, mas em um pensamento específico: a memória. Minha vida é a minha memória? Se é isso então o mal que o Alzheimer faz é acabar com a vida e não trazer a morte.
Nesse pensamento me veio o título desse post: Intacta Memória.
Claro que eu vi isso em algum lugar, claro que não faz sentido. A minha memória não fica intacta, eu a torturo para guardar o que quero, eu a bombardeio repetindo lembranças. Intacta? Nunca!
Chegando em casa fui direto ao Google e encontrei um poema de Sophia Andressen, que eu conhecia por ser a mãe do escritor Miguel de Sousa Tavares.

Intacta Memória

Intacta memória – se eu chamasse
Uma por uma as coisas que adorei
Talvez que a minha vida regressasse
Vencida pelo amor com que a lembrei.

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6/11/1919 – Lisboa, 2/7/2004)

Não fiquei torturando minha memória para saber se eu conhecia ou não. Porque a resposta veio em seguida. Eu me lembrei de "Intacta Retina" da música Cajuína do Caetano e aí misturei com meu pensamento.

Enfim, minha memória não está intacta, está em contínua mudança, alguns claros eu preencho com boas conversas com as pessoas que convivi. O que esqueço, esqueço. E vou tentando ir preenchendo minha vida de memórias boas a cada dia.

domingo, 31 de julho de 2016

Presente


Nem faz tanto tempo assim, eu pensei em que a medida da vida deveria ser a capacidade de receber presentes.
O estopim para esse pensamento foi o fato de ter ganho uma meia e uma crônica do Luís Fernando Veríssimo sobre ganhar meias e o pior, ganhar meias de lã.
O pensamento era assim, enquanto podemos receber presentes vale a pena viver. Enquanto conseguirmos ver, ouvir, ler e compreender com clareza sempre vai ter um livro ou filme que se recebe numa demonstração de carinho. Quando não conseguimos mas aproveitar qualquer tipo de presente a vida não vale mais a pena.
Hoje sei que isso é uma bobagem, mesmo que interessante.
Quando não temos mais a capacidade de ler, ouvir, ou mesmo compreender um livro ou um filme, sempre será possível receber o afeto de quem nos presenteia.
Ontem ganhei uma caneta de meu irmão, fiquei feliz.
Mas há presentes ainda mais singelos, um convite inesperado, uma mensagem sincera, ou só ouvir a voz de alguém que nos envia um pouco de coragem, enfim qualquer coisa que nos traga paz já um presente e tanto.
Afinal....

"só podemos nos dar o amor do qual todas as outras coisas são símbolos..."
Borges

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A primeira vez

Eu só fui viajar para o exterior depois dos quarenta. Quando entrei no avião e me dei conta do que ia fazer fiquei pasmo. Logo no começo do voo começou a passar "O diabo veste Prada" com a música da KT Turnstall (Suddenly I see). Até o hoje essa música me enche de alegria!
Na maioria das vezes a primeira vez nem é tão boa assim, muitas vezes é preciso prática e treino para aproveitar, mesmo assim a primeira vez fica marcada na memória.
Nesse mês tive a oportunidade de ver a felicidade de minhas alunas ao participar de um congresso internacional, de viajar, de apresentar um trabalho em língua estrangeira, de viajar e ver o mundo.
Sei que essa experiência vai ficar marcada para elas e a cada vez que via a felicidade delas eu me sentia muito feliz e orgulhoso de estar participando dessa experiência.
Para ilustrar uma foto na Plaza Mayor e minha cara de felicidade!

domingo, 10 de julho de 2016

Vitória e Merecimento

No momento da largada da minha primeira maratona meu sábio amigo de corridas me disse:
- A vitória é estar aqui. Daqui para frente é festa, comemoração.
No meio da tensão da corrida, do medo de não conseguir terminar bem, da expectativa da primeira vez, aquela fala me acalmou. Na hora eu nem entendi bem porque.
Depois da corrida, conversando, pude compreender melhor.
A vitória era ter se preparado adequadamente, estar bem, não fazer nenhuma loucura e saber-se capaz, merecedor.
Em breve vou participar de mais um congresso internacional, será mais um para mim. Será o primeiro para minhas alunas.
Vou dizer para elas o mesmo:
- A vitória é estar aqui. Daqui em diante é festa, comemoração.
A vitória foi ter conseguido o aceite, ter conseguido o financiamento, vencido barreiras e medos.
Corri outras maratonas depois.
Elas vão participar de muitos outros eventos.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

"Se não fossem as minhas tias com todos os mimos, não seria eu"*

A gente é feito prá acabar..” como está na belíssima música do Marcelo Jeneci. Mesmo assim, mesmo sabendo que essa é a única verdade absoluta e mesmo que a pessoa que vai já cumpriu seu tempo e a passagem é mais um descanso que uma perda, mesmo assim sentimos a dor da perda.
Eu tenho a benção de pertencer a uma família numerosa e longeva. Isso faz com que tenha primos segundos da mesma idade, tias e tios avós que são como tios e tias. Por ser dos mais velhos eu tenho a lembrança de duas bisavós. E não é aquela coisa de estar vivo ao mesmo tempo, mas sim de lembrar da minha bisavó passando a mão na minha cabeça.
Por essas razões de idade eu tenho muitas lembranças agradáveis dos meus avós, de brincadeiras de crianças, de ficar no colo, de ouvir histórias, lembranças mágicas!
Essa alegria de conviver com meus avós foi muito boa e, mesmo sendo dos mais velhos, fica um gostinho de quero mais. Nesse ponto entra outra maravilha de estar numa família numerosa e longeva. As brincadeiras e histórias dos meus avós se repetiam nas minhas tias e tios avôs. Era como se meu avô ainda permanecesse um pouquinho mais conosco pelas mãos de seus irmãos.
Ver meu tio-avô brincando com seu neto as mesmas brincadeiras que meu avô fazia comigo me enchia de alegria e reforçava ainda mais o laço de união da família. Ouvir da minha tia-avó as histórias do meu avô era trazê-lo de volta a mim, com muito carinho.
Nessa semana nos despedimos da irmã caçula do meu avô. Ela continuava a trazer a lembrança do meu avô e de seus irmãos para mim, e acredito que para muitos dos meus familiares. Conversar com ela era ainda ter um pouco do meu avô por perto. Isso sem falar na alegria dos momentos que passamos juntos, das férias em São Paulo, da primeira viagem de Metrô, das histórias de família, de ouvir as músicas.

Agora que ela não está mais aqui entre nós, vou tentar retribuir e mostrar que aprendi a lição. Contar para meus sobrinhos as histórias que ouvi, fazer as brincadeiras que aprendi e manter a tradição da família: laços bem fortes e unidos.

*Emprestado da música da Clarice Falcão.

terça-feira, 17 de maio de 2016

A história dos dois que sonham...Texto completo

O texto completo da minha peça/festa de aniversário pode ser baixada em:

Texto completo

Espero que goste!

Presente

O dicionário Priberam da Porto Editora dá para a palavra 'presente' o seguinte significado:
Como adjetivo
1. Que está no lugar de onde se fala, ou de que se fala.
2. Que está no tempo de onde se fala, ou de que se fala.
3. ...
....
Como substantivo:
6. O tempo atual.
7. A pessoa que assiste ou assistiu a algum acontecimento.
8. Coisa oferecida a alguém
...
O dicionário Houaiss informa que origem vem do latim, do que está à vista, que assiste.

Interessante notar que nas línguas latinas o sentido de 'presente' como algo que dá a alguém é feito por palavras diferentes, como 'regalo' em italiano e espanhol, ou 'cadeau' em francês, em alemão é 'Geshenk' e em inglês 'gift'. Nessas duas últimas existe uma palavra para presente como adjetivo originada do latim.

A língua portuguesa tem essas peculiaridades. Palavras diferentes e específicas.

Estava pensando na palavra e nos presentes que recebi por ocasião do meu cinquentenário. Vários presentes deliciosos, delicados, gentis. Todos, sem exceção, vindos com um gesto de carinho muito tocante. Recebi bebidas, eletrodomésticos, gravata, carteira, cd, dvd, pijama, livros, bibliocantos, chocolates, porta-retrato, ingresso para a olimpíada...

E é claro o presente da festa em si, da dedicação da minha família para realizar meu sonho.

Mas a razão da palavra 'presente' ainda me incomodava, porque não como o italiano com o sentido daquilo que alegra, ou do inglês para o que é dado?

A explicação me veio ao começar a usar os presentes. Fui fazer uma panqueca para jantar e o eletrodoméstico me fez lembrar de minha irmã, fui trocar a carteira velha pela nova e de novo os donos do presente me vieram à lembrança.

As pessoas se tornam presentes a cada instante que uso ou lembro do que me foi dado. O objeto traz a pessoa até aqui e isso sim é o que mais alegra!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma nebulosa

Começou até antes da meia-noite.
Estava tudo escuro e de repente um brilho apareceu, uma estrelinha piscou.
Não passou muito tempo e outra, e depois outra e depois e depois.
E assim foi o meu dia ontem.
A cada instante um brilho surgia para me fazer sorrir.
A lembrança dos amigos pelo meu aniversário fez meu dia iluminado!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A história dos dois que sonharam

Minha festa de 50 anos vai ser uma peça de teatro.
Um jeito de realizar um sonho e reunir amigos. Convidei muitos, espero que venham. Como é uma peça de teatro o convite não é individual, amigos podem trazer amigos.
Eu escrevi a peça e o meu sonho de ver um texto meu encenado vai se realizar!
A peça remonta ao conto de Jorge Luís Borges, A história dos dois que sonharam (que pode ser lida aqui).
Esse conto aparece nas Mil e Uma Noites e também foi a fonte de inspiração para o livro O Alquimista do Paulo Coelho.
Minha maior alegria vai ser a casa cheia!

terça-feira, 3 de maio de 2016

Festa do Pica-Pau


As trigêmeas viviam numa família que fazia muitas festas. Festas de aniversário, festas de casamento...
Numa época do ano em que não havia o que comemorar inventaram a festa da coisa nenhuma. Uma festa só para confraternizar.
As trigêmeas, pequenas, gostavam do ambiente de festa, mas se sentiam isoladas num mundo de adultos. Concluíram também que tinham sempre uma só festa para as três, o que era um injustiça.
Resolveram então fazer uma festa sem motivo e escolheram o tema o Pica-Pau.
Fizeram os doces, o bolo, a decoração e os convites. Os pais entraram na jogada e deixaram tudo por conta delas. Davam apoio e o resto era com elas.
Elas entregaram os convites na escola e para os amigos da vizinhança.
E esperaram ansiosamente a Festa do Pica-Pau.
Os colegas de escola e os amigos acharam aquilo tudo muito estranho. Como assim uma festa do nada? Ninguém faz isso. As mães não entenderam aquele convite feito com lápis de cor como uma coisa séria. O resultado é que ninguém acreditou.
Ninguém apareceu na festa do Pica-Pau.
A tristeza das trigêmeas foi imensa.
Até hoje quando convido os amigos, seja para uma festança, seja para um pizza numa sexta-feira à noite, o fantasma do Pica-Pau me aparece.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Festa 50 anos

Minhas irmãs fizeram festas  inesquecíveis aos 50 anos. Agora chegou a minha vez.
Minha tia realizou, em uma festa de aniversário, seu maior sonho. Montou um palco e cantou como uma profissional, foi lindo.
Outras irmãs juntaram as ideias e me convenceram a encenar uma peça de teatro de minha autoria. Mas de verdade, com palco, som, iluminação e tudo o mais.
Vai ser uma peça e vai ser uma festa.
Minha expectativa agora é ter o público. E que as pessoas gostem.
A peça "A história dos dois que sonham" será encenada no teatro Ábaco em São Bernardo do Campo, no dia 14 de maio, as 18h00. 
Será uma peça de teatro, mas é uma festa de aniversário! Você está convidado!
Até lá!!

domingo, 6 de março de 2016

Formatura 2ª e 3ª turma de Engenharia de Produção - UFU - Ituiutaba

Os alunos da 3a. turma de engenharia de produção me homenagearam na sua formatura. Fiquei lisonjeado.
O presente recebido e que será guardado com muito carinho é esse da foto.


O discurso que proferi em agradecimento é esse:
Prezado Prof Daniel França Lazzarin, coordenador do curso de engenharia de produção; Prof. Amilton Silva Júnior, professor do curso de engenharia de produção, na pessoa de quem cumprimento os demais colegas aqui presentes; meus queridos afilhados, agora colegas; senhoras e senhores; boa noite.
De onde estou posso falar o que vejo. Vejo uma bela carga de emoção nessa sala, vejo o olhar orgulhoso daquele pai, vejo a satisfação no rosto daquela mãe, vejo a admiração incontida no rosto daquele irmão mais novo. Vejo uma satisfação infinita no rosto desses meus colegas.
Porém vejo mais do que isso, vejo uma sala repleta de sonhos. Vejo sonhos que aqui se concretizam, vejo sonhos que suplantaram inúmeras dificuldades, sonhos que nasceram há mais de cinco anos e exigiram noites de sono, fins de semana, longas horas de estudo. Vejo sonhos que superaram Jorges, Gleyzers, Antonios...
Enfim, o sonho de ser engenheiro se realizou.
Schiller, um escritor alemão disse que se deve respeitar os sonhos da juventude. (Não vou falar é só para ter se precisar “Man soll für die Träume seiner Jugend Achtung tragen”).
Esse respeito, no caso, refere-se a si mesmo. Ou seja, você deve respeitar seus sonhos de juventude, mantê-los vivos e verdadeiros. Isso porque sonhos não envelhecem, basta o sonho se realizar que ele renasce em outro sonho. Os sonhos que nasceram lá atrás se renovaram em sonhos que agora nascem, sonhos de atuar profissionalmente, de conquistar autonomia, de fazer o mundo um pouco melhor com base no conhecimento próprio. E eu sei que alguns desses sonhos já começaram a se realizar.
De onde estou fico embevecido ao ver essa sala assim repleta de sonhos, especialmente porque eu também pude participar desses sonhos. E quando se participa de um sonho próprio da juventude ficamos um pouco mais jovens também.
Daqui onde estou fico orgulhoso e feliz por vocês. Fico grato aos pais, familiares, amigos e toda a rede de pessoas que os ajudaram a chegar até aqui. Fico lisonjeado por ter sido convidado a estar aqui nesse momento. Mas mais do que tudo fico imensamente grato por vocês terem compartilhado comigo os seus sonhos de juventude, por terem compartilhado comigo um pouco da sua juventude, por terem permitido que eu me tornasse um pouco mais jovem. Obrigado.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Bronca

Não faz muito tempo minha filha me deu uma bronca. Dizendo que eu falava muito em um grande amigo de infância, contava para ela as lembranças de futebol de botão, de idas ao sítio, de estudar junto e que eu não retomava essa amizade.
O tempo vai passando, a vida vai levando a gente para lugares e situações diferentes e a correria do dia a dia nos afasta dos amigos.
Reconheci a bronca e fui fazer uma visita ao José Rubem. Foi ótimo! Passamos um tempão lembrando de fatos e pessoas, rindo e se emocionando. Contei para ele a bronca da minha e ele se solidarizou comigo, dizendo que ele merecia metade da bronca.
Ontem eu recebi um telefonema de um amigo que não via há quase dois anos. Ele começou a conversa animado e alegre, como sempre. Em seguida perguntou se eu estava chateado com ele por algum motivo que ele não soubesse, se ele, sem querer, ou sem perceber, havia feito algo que me chateasse. Eu respondi que não, de maneira alguma. Ele ainda insistiu e lembrou nossa amizade para dizer que entre nós não haveria dificuldade ou frescura em falar se houvesse. Eu reafirmei que não havia nada ele que houvera feito que me chateasse.
Então, ele me deu uma senhora bronca. Merecida. Retomamos a conversa e demos muitas risadas. Lembramos especialmente as longas conversas no estacionamento depois de um dia inteiro de trabalho em que eu sorvia a sabedoria do José Paulo para aplicar em minhas aulas.

domingo, 10 de janeiro de 2016

O truque do desaparecimento.

No blog: Homem é tudo palhaço (http://tudopalhaco.blogspot.com.br/), aliás muito divertido. As autoras informam de uma forma bem-humorada que o truque do desaparecimento é o mais comum dos que homem que se apresentam nos picadeiros.
Fiquei pensando na razão desse truque. Porque os homens simplesmente desaparecem. A resposta é bem simples. É fácil e eficaz, funciona. Não dói. Não precisa mentir
O contraponto é que a opção de uma conversa aberta e sincera pode levar a um julgamento do tipo: “mas ontem mesmo você falou isso e aquilo”. O que envolve uma cobrança desagradável. Ou então levar a uma insistência grudenta e também desagradável.
A parte dura é que machuca, magoa. Os homens sabem disso e, se lançam mão desse truque baixo, é porque não se importam com a dor da outra pessoa. O que torna o truque ainda mais sórdido.
No mundo virtual esse truque é ainda mais fácil, basta descombinar, excluir, silenciar, ou simplesmente não responder. Não é por ser mais fácil que torna menos doloroso.
As razões da escolha do truque do desaparecimento podem ser inaceitáveis, mas são compreensíveis e não são exclusividade de gênero.

No fundo sabemos que o desaparecimento é uma escolha de como terminar um relacionamento.