sexta-feira, 19 de maio de 2017

Por que continuamos a errar?

Em 1979 Marcelo Rubens Paiva, então com 20 anos, saltou num lago e quebrou a quinta vértebra cervical. Estava numa festa de estudantes. Ficou tetraplégico. Em 1982 escreveu sua história em um livro: Feliz Ano Velho que foi o livro mais vendido na década de 80. Também virou peça de teatro e filme.
Em 2017 um aluno de Ituiutaba saltou em uma piscina numa festa de estudantes e corre o risco de ficar tetraplégico. Não tenho maiores informações sobre o acidente. O que tenho me basta para o questionamento do título.
Não aprendemos nadas em 40 anos?
Os pais desse alunos podem muito bem ter a idade de Marcelo Rubens Paiva e eu nem consigo imaginar a dor que sentem. Será que eles leram o livro?
O que podíamos ter feito e não fizemos? O que ainda podemos fazer?

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Aniversário

No ano passado um sonho se realizou. Comemorei meu aniversário com uma peça de teatro de minha autoria. Foi mágico! Espetacular! Inesquecivel! A carga emocional foi intensa!

Nesse ano, ao contrário. Passei o meu aniversário muito, muito tranquilo. Sereno.

As mensagens no Facebook, e-mails, Skype, Whatsapp e outros foram pipocando e alegrando meu dia. Por estar assim tão sereno resolvi fazer algumas contas.

Recebi mensagens de amigos de São Bernardo, de Botucatu, do Guarujá, de Campinas, de Santa Bárbara d'Oeste, de Darmstadt, de Ituiutaba e tantas outras cidades. Recebi mensagens de amigos, de parentes, de colegas de trabalho, de escola, de faculdade, de alunos, de ex-alunos. Ora, tantas e tantas mensagens que eu não conseguia pensar um jeito de classificá-las.

Nesse instante, uma voz ecoou dentro de mim: Você fica velho e não aprende! Classificar amigos, que absurdo. Desfrute. Fique feliz e demonstre essa felicidade, é tudo que seus amigos desejam!

Então, para todos os que mandaram uma mensagem, ou que se lembraram dessa data, saibam, vocês fizeram o meu dia mais feliz! Obrigado!

terça-feira, 9 de maio de 2017

Calculadora

Eu tenho uma régua de cálculo.
Não, eu nunca usei uma régua de cálculo. Lembro que ao entrar na Escola Técnica ainda se vendiam réguas de cálculo na Coopereti (a lojinha da cooperativa) e que os veteranos usavam réguas de cálculo. Naquela época ter uma calculadora era sinal de status. As calculadoras ficavam presas ao cinto, assim como os primeiros celulares. Não bastava ter uma calculadora era preciso mostrar.
Na escola técnica eu usava uma HP 33E, em parceria com minha irmã. Essa calculadora era uma evolução da HP 25C. A letra C designava que a calculadora tinha memória contínua, ou seja, depois de desligada a programação e os dados armazenados não se perdiam. A minha calculadora (HP 33E) não tinha memória contínua, o que era um tremendo entrave para quem programava na calculadora.
Naquele tempo os usuários de calculadoras se dividiam entre os que gostavam da HP e os que gostavam da Texas, discutia-se com paixão quais as vantagens de uma ou de outra.
Na faculdade, sempre em parceria com minha irmã, recebemos uma calculadora nova, a mais moderna à época, uma HP 15C. A HP fornecia dois modelos de calculadoras, uma científica, a HP 11C e uma financeira, a HP12C, e uma científica mais avançada, a HP15C. A HP 12C é um sucesso até hoje para economistas e administradores. A HP 11C era quase que um fusquinha à época. Só os fortes usavam uma HP 15C.

Eu mergulhei no uso da minha calculadora, sabia todas as funções e as utilizava ao máximo.
Já no penúltimo ano da faculdade, na disciplina de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica, tínhamos que resolver sistemas que se transformavam em uma matriz de 3 x 3 com números complexos. Com o uso da calculadora levávamos mais de 30 minutos resolvendo esse sistema. Eu aprendi como fazer isso com a calculadora e fui para a prova totalmente confiante.
A prova consistia em duas questões, uma questão teórica com valor de 3 pontos e uma questão com o tal sistema que valia 7 pontos. Eu modelei o sistema, pus os dados na calculadora e rodei o programa para o cálculo. Enquanto a calculadora fazia o trabalho bruto eu respondi a questão teórica. Respondi à segunda questão com um número absurdo de casas decimais e fui o primeiro a entregar a prova, para espanto do professor. Minha nota final foi 9,5, por uma bobaginha na questão teórica. O professor veio falar comigo para saber como eu tinha respondido tão rápido e tão correto.
Anos depois, já trabalhando como engenheiro e mesmo com um computador na minha mesa eu não abandonava minha calculadora. Infelizmente houve um roubo no meu lugar de trabalho e minha calculadora se foi.
Na verdade, não me era mais útil, mesmo assim fiquei bem triste. Ainda mais porque não era só minha, era também de minha irmã.
Com o avanço da Internet e dos sites de vendas de produtos usados eu decidi comprar uma calculadora usada. Para minha surpresa, a HP15C virou item de colecionador, poucas à venda no Brasil e caríssimas, mesmo nos Estados Unidos. Eu desisti, minha saudade não era tanto assim.
Nesse mês, no entanto, uma aluna ofereceu no Facebook a calculadora tão sonhada. Ninguém nem sabia usar a calculadora, o fato de não ter um sinal de igual dá um susto em muita gente. Vários fizeram troça oferecendo coisas sem valor, só para fazer graça.
Eu chamei a aluna e expliquei toda a situação e a minha história com essa calculadora. Contei do valor no mercado e do valor para mim.
Ela compreendeu tudo e fechamos um acordo num valor bastante razoável.
Fiquei muito feliz e sou muito grato a essa aluna.
Agora sou novamente proprietário (em conjunto com minha irmã) de uma calculadora de estimação.