quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

O último degrau da escada

Honestamente tenho a impressão que já escrevi sobre isso. Se não me lembro, tampouco os meus leitores.
Na minha lista de 12 livros está JFK de Stephen King, na verdade eu queria escolher um dele e esse era o mais recente. De tudo que li de Stephen King um conto me toca em especial, o que dá título a essa postagem: O último degrau da escada (dá para achar na internet).
O conto não é de terror, apesar de ter medo e aflição.
Eu fico especialmente tocado, porque assim como o personagem principal, fico mudando de local, de emprego, de atividade e sempre tenho a sensação de deixar amigos para trás.
Eu tento, faço um certo esforço, mas sempre fico com a sensação de abandono. As mudanças, as necessidades de trabalho e família acabam me afastando e deixando um rastro de culpa. O Desafio Muroa, alguns cartões de natal, cartas e até mesmo esse blog são tentativas de manter o contato com pessoas queridas.
Sempre assumo um compromisso comigo mesmo, como enviar mais cartas, telefonar, fazer viagens, e assim com as demais resoluções de ano novo, tudo fica esquecido.
Hoje, ao dar o parabéns para uma amiga pelo tempo de emprego no LinkedIn, essa sensação de abandono retorno.
Fazer um saudação previamente preparada por um clique por ter sido lembrado por um programa de computador não é estar em contato com quem se quer bem.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Maringá

As primeiras lembranças de Maringá me vêm com a cidade e música ao mesmo tempo. Lembro da história do piano autografado por Joubert de Carvalho que pertencera a minha tia. A explicação de quem era Joubert, a música e cidade ficaram gravadas na minha cabeça, mesmo que sem muita importância.
Quando minha prima, ao casar, se mudou para Maringá eu fiz a conexão e fiquei impressionado com a ideia de uma cidade sendo construída com o nome de uma canção.
Só fui visitar a cidade muito tempo depois, no casamento da filha da minha prima. A cidade já estava grande e era ainda mais linda do que me contavam.
Minha prima, a pioneira de Maringá, abriu o caminho e para lá foram meus tios e outra prima.
Não muito tempo depois, minha filha foi estudar em Cianorte e fez o vestibular em Maringá. Visitei minha prima e, mesmo afastado pelo tempo e pela distância, era exatamente como quando eu os visitava em São Carlos e me sentia numa extensão da casa dos meus avós. Aquela acolhida calorosa de casa de vó.
Visitar minha filha em Maringá me dá um sentimento de satisfação e de continuidade.


terça-feira, 16 de outubro de 2018

A felicidade é inútil

Claro que a felicidade tem utilidade. Não há dúvida nenhuma.
Eu ouvi essa frase numa palestra do Clóvis de Barros. A ideia é que a felicidade está naquelas coisas que não uma utilidade prática. Somos felizes quando vamos de Guararema para Luiz Carlos só pelo prazer da caminhada. O mesmo trajeto para ir trabalhar não traz a mesma felicidade. Fazer o pão pelo prazer do pão feito é felicidade, fazer o pão para garantir o pão já não traz tanta felicidade assim.
Por óbvio, as generalizações nunca são perfeitas. Pode se ser feliz ao caminhar para o trabalho, ou ao fazer o pão de cada dia.
Com essa ressalva é possível entender a felicidade serena e tranquila de quem faz alguma coisa só pelo prazer de fazer, sem utilidade alguma.
Nesse feriado pude compartilhar de momentos felizes ao lado de pessoas cuja única preocupação era deixar os outros felizes e se fazer feliz. Sem obrigações, sem imposições, tudo tranquilo e sereno. Some-se a isso um lugar lindo, na montanha, natureza....
Boa companhia, belo lugar, boa comida.
Dias felizes. Inúteis. E completamente felizes.


terça-feira, 2 de outubro de 2018

Minha posição

Eu evito temas polêmicos nas redes sociais, não acho que seja o lugar mais adequado para expor controvérsias e entrar em discussões. Eu só tive dois pequenos atritos até hoje, nada de muito grave ou ofensivo e sem estardalhaço.
Nunca me posicionei politicamente nas redes e mesmo pessoalmente sou muito mais da contemporização do que do debate.
Agora quebro essa regra. Primeiro porque vejo muita gente que admiro e respeito se posicionando e até fazendo campanha. Em segundo lugar porque acho que o momento exige.
Eu vivi uma pequena parte da vida sob uma ditadura. Saí às ruas pelo direito de escolher presidente e acredito que ditaduras não funcionam. Pode escolher: qualquer uma da América Latina, as do Leste Europeu, as comunistas, qualquer uma. Não funciona. A democracia é um valor maior na política para mim.
Isso serviu de uma regra de ouro quando escolho meu voto. Quem participou da ditadura não tem meu voto. Foi da Arena, sinto muito, não voto. Se arrependeu, pediu desculpas, mudou de partido, não importa. Não voto e pronto.
Como a ditadura já acabou faz tempo essa regra não me ajuda muito. Então decidi estender a regra, quem apoia a ditadura não tem meu voto. Pronto. Simples assim.
Isso não resolve em quem vou votar, reduz a escolha e elimina os que não defendem a democracia, que é o meu valor maior.
Dito isso, e não só por isso, mas pelo conjunto da obra, a minha posição é: #elenão.

Substantivação

Substantivação, também pode ser nominalização, que é a transformação em substantivo. Eu não me lembro de ter aprendido isso na escola. Não me vem nenhuma lembrança de qualquer das minhas professoras, de primário ou de português ensinando isso. Muito menos na escola técnica. Mesmo assim eu me lembrei disso e fui buscar na Internet para entender. Ai sim que aprendi o que é a tal substantivação.
Mas essa curiosidade não me veio do nada. Eu estava pensando na palavra ‘cuidar’ que é um verbo, mas pode ter a função de substantivo: O que restou foi um cuidar carinhoso.
Juntou-se a isso a lembrança da expressão que só ouvi em português de Portugal: “escrever com pinças”, que significa escrever com extremo cuidado, com delicadeza. Em oposição a escrever com os pés, que é como eles dizem.
Escrever com pinças exige um profundo conhecimento da língua e um respeito para com quem lê. Escrever com pinças é cuidar.
Enfim, o cuidar chegou para mim depois do respeito. A propaganda diz que tudo começa pelo respeito. O respeito é o mínimo para qualquer relacionamento. Não dá para ficar do lado de quem não me respeita. Isso vale para tudo, para relacionamentos profissionais, amistosos, amorosos, casamentos. Aliás, essa talvez seja a causa extrema do fim de casamentos, quando se perde o respeito já se perdeu tudo.
Se o respeito é a primeira cola do relacionamento, o cuidar é a segunda. É um estar junto para com o outro, um estar junto altruísta, além de respeitar querer o bem e agir para que o outro se sinta cuidado, amparado, seguro. Com respeito e cuidado outras colas virão.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Roda Gigante


Quando entrei no meu primeiro emprego como engenheiro estava, como deveria estar, super animado e empolgado com uma carreira ascendente e de sucesso. Um colega mais velho me ensinou então a analogia da Roda Gigante. Nas palavras dele: A vida é uma roda gigante, uma hora você está em baixo, outra hora está cima, o importante é estar na roda gigante.
Era uma tentativa de apaziguar o ímpeto e mostra que a carreira iria ter sucessos e fracassos, que não deveria me impressionar muito pelos sucessos e nem me deixar abater pelos fracassos. O importante era estar na Roda Gigante e mantê-la girando.
Foi uma lição importante e  num momento especial.
Guardei essa analogia e a uso constantemente, mas não no sentido de se manter no emprego, mas sim para a vida. O importante e manter a roda gigante girando. Algumas coisas ruins acontecem, coisas boas também. Mas não deixe a roda gigante parar.
Essa semana duas coisas bem legais aconteceram só porque a roda gigante estava girando.
Um amigo me sugeriu uma série: Quanto tempo o tempo tem (NetFlix). Eu assisti, gostei, recomendei, quem assistiu gostou, comprou um livro citado na série e vai me emprestar. Serviu de motivo para conversas e aprendizados.
Um outro amigo me sugeriu uma cantora pernambucana (Bianca Mota) eu ouvi e gostei.
Ou seja, nessa semana vi um documentário bem legal e tenho mais músicas na minha lista.
Só porque a roda gigante continua girando....

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

aviões e modelos



Uma história de família conta que eu, quando tinha 4 anos, ganhei um avião para montar. Como eu não sabia ler não conseguia seguir as instruções. Pedi então ajuda para uma tia, mas ela estava no meio de um divertido jogo de memória e disse que me ajudaria depois. Quando terminou o jogo ela veio me ajudar, mas eu já tinha montado o avião olhando só as figuras.
Começou assim meu gosto por modelos. Montei vários.
O maior, mais difícil e mais bonito foi o Sovereign of the Seas, que minha vó deu de presente para o meu irmão, mas fui eu a montar.
Outro destaque foi uma moto Harley Davidson, que o vento levou.
Recentemente tive a oportunidade de presentear alguém que nunca havia montado um modelo plástico, o Messerschmitt do começo do post. Eu nem lembrava de como ficava feliz quando ganhava um modelo novo!
Nesse sábado tive outra experiência interessante. Montei com meu sobrinho um modelo de avião em MDF. Foi muito divertido
Aviões e modelos me divertem!!

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Pagamento


São vários os nomes para o pagamento: salário, rendimento, vencimento, remuneração, ordenado, honorários, retribuição, paga, provento, estipêndio, emolumento, diária, soldada, soldo, jorna, jornal, féria.... e também as gírias como: cascalho, agrado, cervejinha...sendo que essas são usadas mais para pagamentos menores e esporádicos.
Enfim, por um trabalho uma retribuição. É isso que diferencia amadores de profissionais.
Uma outra forma de pagamento sempre acontece, com profissionais e amadores, e que é muito maior do que qualquer valor financeiro, é a satisfação do trabalho bem feito. O pedreiro contempla com um sorriso no rosto o muro bem alinhado, a parteira se lava feliz ao ver a mãe amamentando o recém-nascido, a pediatra não esconde a satisfação da criança que estava doente brincando. São inúmeros os exemplos. E valem para qualquer profissão.
Essa semana recebi duas retribuições imensamente satisfatórias para a minha profissão de professor:

“Boa tarde Antonio, tudo bem? Estou passando para avisar que fui aprovada no TCC e isso é mérito seu também!! Agradeço por tudo.”

“Obrigada, Antonio! Mais uma vez seus ensinamentos foram fundamentais, agora em contato direto com tecnologia e IoT.”

quinta-feira, 29 de março de 2018

Re-encantamento

Eu comecei a dar aulas tardiamente. Só depois de anos com experiência de engenheiro e isso foi em 2002, ainda no Guarujá. O tempo vai passando e já tenho 16 anos de experiência docente.
Lembro do encantamento da primeira turma, do nome de vários alunos, do nervoso a cada aula, a cada prova. Esse encantamento vai desvanecendo com o tempo, como pode ser visto no cartum do site phdcomics
O grande problema desse desencantamento é que ser perde toda a possibilidade de considerar o aluno como protagonista do aprendizado, de colocá-lo no centro e como personagem principal de nossa atuação docente.
Alguns sinais são claros desse desencantamento: as aulas ficam iguais semestre a semestre, as provas não mudam mais, os exemplos envelhecem, as respostas ficam padronizadas, as surpresas desaparecem. Sabemos quais serão as perguntas e os erros dos alunos.
O exercício docente exige uma atenção especial e um re-encantamento contínuo. O contato com os jovens rejuvenesce, precisamos nos permitir a continuar jovens e encantados. Sempre.

terça-feira, 13 de março de 2018

Café

Sim. É um pé de café.
Que de pronto me fez lembrar do café preto. Mas também dos pés de café que via na estradas, nas histórias de cafezais em Botucatu. Do terreiro para secar café. Do café da D. Therezinha que nunca faltou.
Café que me faz pensar nas cápsulas das maquinhas de hoje, com café bem saboroso. Dos sachês de café gourmet. Do café Tijucano em Ituiutaba, do café Yara em São Carlos e de tantos outros.
Pois o pé de café da foto está na Rua Diana, bem em Perdizes, São Paulo. No meio de prédios comerciais e residenciais. Não muito distante do Allianz Parque.
Andando por São Paulo, no meio do cinza e do asfalto me deparo com um pé de café. Uma surpresa agradável!